Flui e transporta
5 stars
( sol2070.in/2025/09/a-mais-recondita-memoria-dos-homens/ )
“Sobre o que é o livro?” Tal pergunta encarna o Mal na literatura, conforme brinca o protagonista de A Mais Recôndita Memória dos Homens (La plus secrète mémoire des hommes, 2021, 400 pgs), do senegalês Mohamed Mbougar Sarr.
Como qualquer ficção literária, o livro é sobre o que a pessoa leitora mais notar, sobre como conversa com ela. Mas, encarnando o reducionismo dessa piada verdadeira, o consagrado romance é sobre a busca por um misterioso e genial autor senegalês. É daqueles livros sobre a própria literatura e a vida de quem escreve que consegue não ser chato, elitista e difícil, além de envolver, refletir e intrigar em uma experiência memorável, como os do chileno Roberto Bolaño — que A Mais Recôndita… homenageia no título e na epígrafe.
Também tem investigação detetivesca, erotismo, maldição, lutas raciais e revolucionárias, misticismo, romance e dramas familiar e de imigração. …
( sol2070.in/2025/09/a-mais-recondita-memoria-dos-homens/ )
“Sobre o que é o livro?” Tal pergunta encarna o Mal na literatura, conforme brinca o protagonista de A Mais Recôndita Memória dos Homens (La plus secrète mémoire des hommes, 2021, 400 pgs), do senegalês Mohamed Mbougar Sarr.
Como qualquer ficção literária, o livro é sobre o que a pessoa leitora mais notar, sobre como conversa com ela. Mas, encarnando o reducionismo dessa piada verdadeira, o consagrado romance é sobre a busca por um misterioso e genial autor senegalês. É daqueles livros sobre a própria literatura e a vida de quem escreve que consegue não ser chato, elitista e difícil, além de envolver, refletir e intrigar em uma experiência memorável, como os do chileno Roberto Bolaño — que A Mais Recôndita… homenageia no título e na epígrafe.
Também tem investigação detetivesca, erotismo, maldição, lutas raciais e revolucionárias, misticismo, romance e dramas familiar e de imigração. Racismo e colonização são temas centrais.
A estória gravita em torno de um romance fictício e seu autor T.C. Elimane — baseado na história do premiado escritor negro Yambo Ouologuem; acusado de plágio em 1972, voltou ao país natal Mali para viver como eremita até o esquecimento final.
Elimane só aparece na narrativa em relatos de terceiros que terminam criando uma aura mítica, sedutora e assombrosa, incluindo o sobrenatural. Mas quem de fato foi? Até as respostas encontradas podem enganar…
A leitura flui e transporta sem esforço (por vários países e culturas), mesmo estando carregada de percepções, pensamentos, palavras e referências mais comuns entre pessoas com dons artísticos e cultas.
Como o livro foi amplamente elogiado e comentado, e sinto que não acrescentaria nada relevante, limito-me a recomendá-lo entusiasmado.
Li no clube de leitura Contracapa.