Um dos melhores romances brasileiros que já li
5 stars
Barba Ensopada de Sangue (2012), de Daniel Galera, foi um dos melhores romances brasileiros que já li.
Como toda resenha alerta, não é o que o título sugere — talvez alguma história criminal violenta. É basicamente sobre solidão, família e relacionamentos.
Queria ler Daniel Galera faz tempo, pois nos primórdios da internet brasileira, no final dos anos 90, era leitor assíduo de um mailzine literário em que ele escrevia, o CardosOnLine.
Adorei principalmente porque sou mais ou menos da mesma geração e universo. Tudo é bem familiar: cenários, referências culturais, jeito de falar, baladas… Alguém que conheço ou até mesmo eu poderíamos ser personagens dessa história.
O livro é daqueles que prendem na poltrona mesmo não tendo suspense e tensão como guias principais, com fluidez e estilo únicos. Li numas quatro sentadas em dois dias.
Apesar de não ser tão central, há sim uma trama fascinante, sobre um mistério familiar …
Barba Ensopada de Sangue (2012), de Daniel Galera, foi um dos melhores romances brasileiros que já li.
Como toda resenha alerta, não é o que o título sugere — talvez alguma história criminal violenta. É basicamente sobre solidão, família e relacionamentos.
Queria ler Daniel Galera faz tempo, pois nos primórdios da internet brasileira, no final dos anos 90, era leitor assíduo de um mailzine literário em que ele escrevia, o CardosOnLine.
Adorei principalmente porque sou mais ou menos da mesma geração e universo. Tudo é bem familiar: cenários, referências culturais, jeito de falar, baladas… Alguém que conheço ou até mesmo eu poderíamos ser personagens dessa história.
O livro é daqueles que prendem na poltrona mesmo não tendo suspense e tensão como guias principais, com fluidez e estilo únicos. Li numas quatro sentadas em dois dias.
Apesar de não ser tão central, há sim uma trama fascinante, sobre um mistério familiar que o personagem vai desencavando quando se isola em Garopaba (SC) após a perturbadora morte do pai e de adotar sua cadela.
O protagonista tem prosopagnosia, uma condição em que rostos não são reconhecidos (nem o próprio), o que o faz ver pessoas e o mundo de uma maneira peculiar.
Lembrei bastante do livro O Estrangeiro (1942), de Albert Camus. Apesar de os personagens e a história terem muitas diferenças, a atmosfera e a experiência me pareceram similares. Há uma distância com as outras pessoas, que abre um ponto de vista único.
É daqueles livros que a gente sente um forte impulso de conversar com a pessoa que escreveu ao final.
Há um porém que não chega a ser crítica. Como costumo preferir histórias de forte impacto existencial ou dimensões mitológicas, ficou um sabor nem tão profundo no fim, em comparação com outras coisas que venho consumindo. Talvez não seja algo transformador, ou que vá lembrar intensamente daqui a uns anos. Mas quem disse que precisa ser assim? Daria pra dizer que é algo mais pop, no bom sentido.
Já coloquei os outros livros de Galera na fila.