Ana-b92 reviewed White by Bret Easton Ellis
Entre o espelho e o abismo – Minha leitura de White de Bret Easton Ellis
4 stars
Ler White foi como ouvir uma longa confissão feita em voz baixa, mas com a intensidade de quem já não tem nada a perder. Bret Easton Ellis abandona aqui a ficção pura para expor sua própria visão do mundo contemporâneo – um ensaio-memória que mistura provocação, lucidez e ressentimento. Desde as primeiras páginas, senti que o autor não buscava agradar; ele queria confrontar.
Ellis fala sobre fama, redes sociais, cultura do cancelamento e a perda de autenticidade. Seu tom é direto, quase brutal, e por isso desconfortável. Em muitos trechos, senti raiva e empatia ao mesmo tempo: raiva pela arrogância que transparece, empatia pela angústia de quem observa uma sociedade cada vez mais superficial e polarizada.
O que mais me chamou atenção foi o contraste entre o Ellis polêmico e o Ellis vulnerável. Por trás das provocações, há uma solidão evidente – a de um artista tentando entender …
Ler White foi como ouvir uma longa confissão feita em voz baixa, mas com a intensidade de quem já não tem nada a perder. Bret Easton Ellis abandona aqui a ficção pura para expor sua própria visão do mundo contemporâneo – um ensaio-memória que mistura provocação, lucidez e ressentimento. Desde as primeiras páginas, senti que o autor não buscava agradar; ele queria confrontar.
Ellis fala sobre fama, redes sociais, cultura do cancelamento e a perda de autenticidade. Seu tom é direto, quase brutal, e por isso desconfortável. Em muitos trechos, senti raiva e empatia ao mesmo tempo: raiva pela arrogância que transparece, empatia pela angústia de quem observa uma sociedade cada vez mais superficial e polarizada.
O que mais me chamou atenção foi o contraste entre o Ellis polêmico e o Ellis vulnerável. Por trás das provocações, há uma solidão evidente – a de um artista tentando entender o lugar da arte e da verdade num tempo dominado pela aparência.
Ao terminar White, fiquei dividido. Parte de mim admirava a coragem de Ellis em dizer o que pensa; outra parte se perguntava se esse olhar ácido ainda encontra espaço para o afeto. No fundo, White é menos um manifesto e mais um espelho – e o reflexo que ele devolve nem sempre é agradável de encarar.