Ana-b92 reviewed The sacred wood by T. S. Eliot
Entrar no bosque: rigor, tradição e risco
4 stars
Em The Sacred Wood, encontrei um T. S. Eliot crítico que exige precisão do leitor e humildade do poeta. Suas páginas defendem que a poesia nasce menos do ego e mais de uma consciência histórica: a tradição não é museu, é circuito vivo em que cada novo poema reordena o passado. Li “Tradition and the Individual Talent” como quem ajusta lentes; ao aceitarmos a impessoalidade, o poema respira melhor, liberto da confissão direta e da ornamentação fácil.
No ensaio sobre Hamlet, aprendi o peso do “correlato objetivo”: emoções pedem formas adequadas, ou o drama fica turvo. Em “The Metaphysical Poets”, Eliot reivindica energia intelectual na poesia, união de pensamento e sensação que a modernidade diluiu. Ao avançar, senti alternar desconforto e entusiasmo: desconforto por ver preferências minhas questionadas; entusiasmo por perceber critérios que ampliam a leitura, em vez de fechá-la.
Eliot escreve com severidade, mas não com crueldade. …
Em The Sacred Wood, encontrei um T. S. Eliot crítico que exige precisão do leitor e humildade do poeta. Suas páginas defendem que a poesia nasce menos do ego e mais de uma consciência histórica: a tradição não é museu, é circuito vivo em que cada novo poema reordena o passado. Li “Tradition and the Individual Talent” como quem ajusta lentes; ao aceitarmos a impessoalidade, o poema respira melhor, liberto da confissão direta e da ornamentação fácil.
No ensaio sobre Hamlet, aprendi o peso do “correlato objetivo”: emoções pedem formas adequadas, ou o drama fica turvo. Em “The Metaphysical Poets”, Eliot reivindica energia intelectual na poesia, união de pensamento e sensação que a modernidade diluiu. Ao avançar, senti alternar desconforto e entusiasmo: desconforto por ver preferências minhas questionadas; entusiasmo por perceber critérios que ampliam a leitura, em vez de fechá-la.
Eliot escreve com severidade, mas não com crueldade. Pede trabalho: comparar, datar, situar, reler. Saí convencido de que a crítica, quando honesta, é serviço prestado à imaginação. A forma, aqui, é ética: precisão, cortes limpos, definições que não viram dogma. Terminei o livro com uma disciplina nova no olhar. Voltei a poemas amados e os vi deslocarem-se um pouco, como móveis após boa faxina. Essa ligeira estranheza foi meu ganho: entender que tradição e inovação conversam melhor quando o crítico, e o leitor, aceitam o dever do rigor, com paciência, coragem e atenção.







