Tony Almeida reviewed Estação Onze by Emily St. John Mandel
Estação Onze
4 stars
Li este livro em 2021 e voltei a ele novamente, depois de recentemente ter visto a série homónima. “Estação Onze” é uma ficção apocalítica na qual a sociedade sucumbe perante uma pandemia provocada pela Gripe da Geórgia, uma doença de fácil transmissão e com um tempo de incubação extremamente curto, que levava à morte das pessoas que contraíssem está gripe em menos de 24 horas. Soa familiar? Este romance foi publicado em 2014 (a edição portuguesa é de 2015), e teve alguma inspiração nos surtos anteriores à pandemia da COVID-19.
Este livro é mais uma narrativa sobre a derrocada da sociedade tal como a conhecemos, e o início de uma nova era, que representa um retrocesso civilizacional profundo. Com um início bastante forte, em que o dia zero da pandemia se cruza com a morte de Arthur Leander, um actor famoso que falece em palco, e que é o vértice …
Li este livro em 2021 e voltei a ele novamente, depois de recentemente ter visto a série homónima. “Estação Onze” é uma ficção apocalítica na qual a sociedade sucumbe perante uma pandemia provocada pela Gripe da Geórgia, uma doença de fácil transmissão e com um tempo de incubação extremamente curto, que levava à morte das pessoas que contraíssem está gripe em menos de 24 horas. Soa familiar? Este romance foi publicado em 2014 (a edição portuguesa é de 2015), e teve alguma inspiração nos surtos anteriores à pandemia da COVID-19.
Este livro é mais uma narrativa sobre a derrocada da sociedade tal como a conhecemos, e o início de uma nova era, que representa um retrocesso civilizacional profundo. Com um início bastante forte, em que o dia zero da pandemia se cruza com a morte de Arthur Leander, um actor famoso que falece em palco, e que é o vértice do relacionamento de várias das personagens desta obra, fica a sensação, à medida que o livro avança, que faltou algum desenvolvimento, com uma linearidade um pouco previsível. O eixo da história que decorre na era pós-pandémica, centra-se em Kirsten, uma jovem atriz que integra a Sinfonia Itinerante, um grupo de músicos e atores que deambulam entre o que resta de alguns centros populacionais, para fazer chegar um pouco de arte aos poucos que resistiram ao surto da Gripe da Geórgia. Fazem-no por amor à arte e porque “a sobrevivência é insuficiente”. Kirsten, quando criança, conviveu fugazmente com Arthur Leander, tendo mesmo assistido à sua morte. No mundo pós-apocalíptico, quis o acaso que as ramificações da vida de Arthur se voltassem a cruzar com a Kirsten. A construção de todo o contexto que leva ao que seria ser o clímax de história, esvazia-se rapidamente, deixando a sensação de que o fecho da história ficou aquém do expectável.
Ainda assim, é um livro interessante, especialmente pela forma como a narrativa se desdobra entre a era pós-apocalíptica, cuja história principal decorre 20 anos após o surto epidémico, e o passado das várias personagens antes da Gripe da Geórgia, e que se ligam, mesmo que sem conhecimento de tal, à Kirsten e à Sinfonia Itinerante.