Ana-b92 reviewed One Christmas by Truman Capote
Natal, distância e descoberta – Minha leitura de Um Natal de Truman Capote
5 stars
Ler Um Natal de Truman Capote foi para mim como abrir uma caixa guardada há muito tempo, cheia de memórias delicadas e, ao mesmo tempo, doloridas. A narrativa, breve mas intensa, acompanha a experiência do autor quando criança, ao passar um Natal com o pai ausente em Nova Orleans. Logo nas primeiras páginas senti que não estava apenas diante de uma história de infância, mas de um encontro marcado pela estranheza e pela tentativa de aproximação entre dois mundos: o da criança sensível e o do adulto distante.
O que me tocou profundamente foi o contraste entre a expectativa e a realidade. A criança, sonhando com afeto e pertencimento, encontra um homem elegante, preocupado mais com aparências e status social do que com gestos de proximidade verdadeira. As descrições de Capote, sutis e cheias de lirismo, me fizeram sentir o frio de uma cidade diferente, o brilho artificial das …
Ler Um Natal de Truman Capote foi para mim como abrir uma caixa guardada há muito tempo, cheia de memórias delicadas e, ao mesmo tempo, doloridas. A narrativa, breve mas intensa, acompanha a experiência do autor quando criança, ao passar um Natal com o pai ausente em Nova Orleans. Logo nas primeiras páginas senti que não estava apenas diante de uma história de infância, mas de um encontro marcado pela estranheza e pela tentativa de aproximação entre dois mundos: o da criança sensível e o do adulto distante.
O que me tocou profundamente foi o contraste entre a expectativa e a realidade. A criança, sonhando com afeto e pertencimento, encontra um homem elegante, preocupado mais com aparências e status social do que com gestos de proximidade verdadeira. As descrições de Capote, sutis e cheias de lirismo, me fizeram sentir o frio de uma cidade diferente, o brilho artificial das festas, e, sobretudo, o vazio das palavras não ditas.
Mas, apesar da dureza, também há ternura. O menino observa, absorve, e constrói a partir desse encontro uma compreensão precoce das fragilidades humanas. Senti, ao acompanhar cada detalhe, que Capote transformava a dor em literatura, o desencontro em memória poética.
O estilo é direto, mas carregado de emoção nas entrelinhas. Ao terminar, fiquei com uma mistura de melancolia e gratidão: melancolia pelo afeto que nunca veio, gratidão pela delicadeza com que Capote nos permite compartilhar esse pedaço íntimo de sua vida.
Um Natal me mostrou que as festas nem sempre são feitas de presentes e celebrações, mas também de silêncios, saudades e descobertas dolorosas que nos acompanham para sempre.
