“Antes que o Café Arrefeça” é um daqueles livros que eu considero delicioso. Delicioso na sua premissa, e delicioso na forma como as personagens são descobertas ao longo deste pequeno livro.

“Funiculi Funicula” é um pequeno café, em tons sépia, com um balcão com três lugares sentados, e três mesas de dois lugares. “Bastavam nove clientes para encher o espaço”. Este café, no entanto, tem uma particularidade muito especial: uma das cadeiras desse café permite àquele quem se sente nela a viajar no tempo, sendo que o viajante tem que ter em conta um conjunto muito específico de regras, sendo a mais importante aquela que diz respeito à duração da viagem, uma vez que existe um tempo limite. Para viajar no tempo, é servida uma chávena de café que tem de ser bebida antes que o café arrefeça.

Os quatro capítulos deste livro retratam então a experiência de quatro viajantes distintos, cujas motivações para viajar no tempo são descortinadas. Desencontros, palavras que não foram ditas, decisões que mais tarde viemos a nos arrepender de ter tomado… quem não passou por isso? E quem não gostaria de conseguir alterar alguma coisa? E será que conseguiríamos? E se viajar no tempo fosse apenas uma forma de podermos reviver algum momento? Este livro aborda de forma muito imaginativa todas estas preocupações e pensamentos que todos nós certamente já tivemos. No entanto, as tais regras – que eu aqui não vou descortinar – têm fortes implicações nos efeitos práticos de cada viagem no tempo. Afinal, será que seria possível alterar alguma coisa se pudéssemos viajar no tempo?