A bem da verdade, eu nem queria estar escrevendo essa resenha. Queria continuar deitada na minha rede, abraçadinha com meu Kindle, sorvendo meus últimos minutos de memória recente desse livro maravilhoso que é Os pequenos homens livres (The Wee Free Men). Mas me forcei a sair do meu transe pós-livro para aproveitar esse sentimento e transportá-lo para um texto.
Tem um tempo que não leio Pratchett. Desde Mort, que li ano passado (outro primor de livro que não cheguei a resenhar aqui).
Para variar, Terry Pratchett me arrebatando com seu brilhantismo e lucidez sobre o que é ser uma pessoa nesse mundo. Leio os livros de Discworld desde a adolescência, mas nunca li todos os quarenta e dois volumes. Sigo nessa missão, e acho que no dia em que terminar, vou ficar bem triste por não ter nada novo desse universo para ler (sim, eu sei que tem ainda os …
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I like small books, tbh.
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ianatxt rated Porém Bruxa: 3 stars
ianatxt reviewed The Wee Free Men: The Beginning by Terry Pratchett
Review of 'The Wee Free Men: The Beginning' on 'Goodreads'
5 stars
A bem da verdade, eu nem queria estar escrevendo essa resenha. Queria continuar deitada na minha rede, abraçadinha com meu Kindle, sorvendo meus últimos minutos de memória recente desse livro maravilhoso que é Os pequenos homens livres (The Wee Free Men). Mas me forcei a sair do meu transe pós-livro para aproveitar esse sentimento e transportá-lo para um texto.
Tem um tempo que não leio Pratchett. Desde Mort, que li ano passado (outro primor de livro que não cheguei a resenhar aqui).
Para variar, Terry Pratchett me arrebatando com seu brilhantismo e lucidez sobre o que é ser uma pessoa nesse mundo. Leio os livros de Discworld desde a adolescência, mas nunca li todos os quarenta e dois volumes. Sigo nessa missão, e acho que no dia em que terminar, vou ficar bem triste por não ter nada novo desse universo para ler (sim, eu sei que tem ainda os atlas, almanaques e outros livros suplementares à série… mas mesmo assim). Saboreei The Wee Free Men desde o primeiro parágrafo até a última palavra nas notas do autor, e que viagem maravilhosa foi essa! Eu já li vários livros das bruxas de Discworld (é a saga que mais li, na verdade), e foi um prazer imenso conhecer Tiffany Aching — que no Brasil virou Tiffany Dolorosa, algo absolutamente maravilhoso.
Dizer que o livro é sobre autodescoberta é pouco. Os pequenos homens livres fala sobre luto, injustiças das mais dolorosas (que não podem ser consertadas num passe de mágica), família, autoestima e, sim, autodescoberta também está lá no meio. O livro foi publicado pensando no público infanto-juvenil, mas é daqueles livros que lendo em qualquer idade você vai se deliciar e se divertir imensamente. Talvez seja até mais doloroso para adultos, que talvez possam visualizar com mais clareza os problemas da vida real que cercam a protagonista de nove anos, mas será uma viagem fantástica, como qualquer livro de Discworld. Tiffany me lembra muito Esk, de Direitos Iguais, Rituais Iguais (Equal Rites), livro que inicia propriamente a saga das bruxas de Discworld. Assim como Eskarina, Tiffany é inteligente. Não inteligente no sentido estudiosa, e nem sequer no sentido “street smart”, mas da forma mais verdadeira da inteligência: ela é curiosa e observadora. Tiffany quer entender o mundo em que vive, como ele funciona, quais as regras ocultas que os adultos não parecem falar (ou sequer entender).
Isso é uma coisa que admiro muito na obra de Pratchett — suas crianças não são infantilizadas, apesar de serem crianças. Elas são pessoas. Pessoas pequenas, é verdade, e ainda não completamente donas de si, e ainda confusas sobre o mundo e sobre elas mesmas, mas com toda a riqueza psicológica que um ser humano que já sabe o básico da vida (como andar e falar) traz consigo. Tiffany é analítica, racional, curiosa: uma mistura perigosa. Uma mistura que a leva a ser identificada como uma bruxa (isso e o fato de carregar um barbante consigo para todo lado). Cercada por pequeninos homens azuis, os Nac Mac Feegles (uma subespécie muito específica do elfo folclórico britânico, criada por Pratchett e completamente inspirada no escocês histórico mais caricato que você possa imaginar), Tiffany vai em busca de seu irmãozinho sequestrado pela Rainha da Terra das Fadas, uma terra repleta de sonhos, pesadelos e miragens, e onde nada é real. Durante essa aventura, com direito a cavaleiros sem cabeça, cães infernais e criaturas que te prendem dentro do seu próprio sonho, Tiffany passa por uma outra aventura interna, que envolve o luto pela sua avó falecida, seus sentimentos conflitantes em relação à sua família (e em especial ao irmãozinho mais novo que tanto lhe dá trabalho e “rouba” o afeto dos pais), e quem é ela e qual seu lugar no mundo.
A sagacidade característica de Pratchett leva a história de forma maravilhosa. Nas primeiras páginas, já deu pra notar: esse seria um favorito meu. E realmente foi.
ianatxt rated We Have Always Lived in the Castle: 5 stars
ianatxt rated As noites marcianas: 5 stars
As noites marcianas by Fausto Cunha (Ficção científica GRD -- v. 4)
ianatxt rated For He Can Creep: 5 stars
ianatxt rated The Lottery: 5 stars
The Lottery by Shirley Jackson (Tale Blazers)
A cautionary short story about the dangers of unexamined traditions and the dark side of human nature.
ianatxt rated The Long Way to a Small, Angry Planet: 3 stars
The Long Way to a Small, Angry Planet by Becky Chambers (Wayfarers, #1)
When Rosemary Harper joins the crew of the Wayfarer, she isn't expecting much. The Wayfarer, a patched-up ship that's seen …
ianatxt reviewed A Menina do Outro Lado. Volume 2 by Nagabe
Review of 'A Menina do Outro Lado. Volume 2' on 'Goodreads'
4 stars
Essa história é linda, pena que ainda não está finalizada. Gosto muito da arte e da narrativa. Trafega por águas comuns: uma estranha criatura que adota e protege uma menina humana que ainda é muito pequena para entender o mundo. A dupla mora isolada num chalé na floresta, e a dinâmica social desse universo é nebulosa, apesar dos detalhes que começam a surgir ao longo desses dois volumes.
Gosto da narrativa, da forma como a criança é apresentada, da dinâmica dos dois (que não é algo fácil de escrever, a relação de um adulto homem e uma menina pequena). Acho o traço lindo, e esta edição é particularmente maravilhosa. A DarkSide acertou na dose.
Agora só posso rezar pra que tenha um final...
Review of 'Francis' on 'Goodreads'
2 stars
Existem dois elementos que eu, como uma assumida ignorante em graphic novels, presto atenção quando leio uma HQ, pois é o que me salta aos olhos: a arte e a história. Visualmente, Francis é belíssimo. As cores, os cenários, as roupas das personagens... É tudo deslumbrante. Só que aí chegamos na história e ela é... prematura. É como se a autora tivesse tido uma ideia geral do que queria fazer mas não se preocupou em organizar a fundo a mitologia e o histórico por trás do que escrevia, e nem o que viria pela frente depois que a HQ "termina".
A sensação que eu tive é que li um prefácio de uma história maior que nunca se concretiza. Não existe volume dois, e parece que não existem planos para um. Se esse for realmente o caso, é uma história decepcionante no final.
Melina é, na melhor das hipóteses, um anti-herói …
Existem dois elementos que eu, como uma assumida ignorante em graphic novels, presto atenção quando leio uma HQ, pois é o que me salta aos olhos: a arte e a história. Visualmente, Francis é belíssimo. As cores, os cenários, as roupas das personagens... É tudo deslumbrante. Só que aí chegamos na história e ela é... prematura. É como se a autora tivesse tido uma ideia geral do que queria fazer mas não se preocupou em organizar a fundo a mitologia e o histórico por trás do que escrevia, e nem o que viria pela frente depois que a HQ "termina".
A sensação que eu tive é que li um prefácio de uma história maior que nunca se concretiza. Não existe volume dois, e parece que não existem planos para um. Se esse for realmente o caso, é uma história decepcionante no final.
Melina é, na melhor das hipóteses, um anti-herói (se houver continuação) e, na pior, simplesmente uma vilã (se tudo que há dessa história for essa HQ). A princípio, senti empatia por ela, a jovem bruxa protagonista, mas depois que ela faz seu feitiço para trapacear num... duelo? Prova? Não fica claro. Enfim, depois desse feitiço e com a aquisição de um espírito em forma de raposa que lembra um pouco o princípio de um gênio da lâmpada (mas que não realiza desejos diretamente), minha empatia por ela foi diminuindo até se tornar quase nula.
Não há problema algum em se ter um vilão ou anti-herói como protagonista. Há dezenas de casos bem-sucedidos em livros, filmes e seriados. Mas Loputyn não consegue executar muito bem isso nessa HQ. Melina deixa de ser alguém que eu quero ver triunfar e se torna alguém que eu quero ver ir embora.
Há também um desequilíbrio em como ela, a protagonista, é apresentada. Ela é cruel e toma decisões claramente ruins, mas nada parece vir dela mesma. É quase como se Melina não se conectasse com suas próprias decisões, completamente dissociada de si.
Minha outra crítica vai para o design das personagens: a velha história do mesmo molde, diferentes perucas. Todas as bruxas apresentadas na história são exatamente o mesmo tipo de menina, só com cabelos diferentes. Depois de ser exposta à outras mídias que mostram que é possível, sim, desenhar diferentes personagens com diferentes tipos de corpos, observar isso é meio frustrante. Animações como Steven Universo, She-Ra e as Princesas do Poder e Avatar: A Lenda de Korra, mostram que isso é possível. Olhar para os rostos e corpos das personagens de Loputyn é olhar para a mesma menina clonada infinitamente.
Apesar disso, reforço que a arte é realmente linda, mas não traz nada de novo. E a história deixa muito a desejar.
ianatxt reviewed Astronauta - Magnetar - Volume 1 by Danilo Beyruth
Review of 'Astronauta - Magnetar - Volume 1' on 'Goodreads'
4 stars
Nossa, que quadrinho maravilhoso! Danilo Beyruth consegue prender o leitor do começo ao fim, o que achei impressionante, visto que 80% do tempo o único personagem em cena é o próprio Astronauta. Nem todo mundo consegue organizar uma história sobre um indivíduo isolado sem se tornar entediante ou repetitiva. Mas isso não acontece aqui.
Quer dizer, a repetição acontece, mas de executada de maneira excelente.
A narrativa em primeira pessoa era, claro, necessária, visto que o Astronauta virou um "náufrago" no espaço. Os detalhes que Beyruth coloca da situação dele, juntamente com o longo período de tempo que a história cobre, deixa tudo bastante crível. O fato do Astronauta não resolver seu problema em poucas horas ou dias é algo que eu particularmente gosto muito, pois dá uma sensação de maior veracidade à história e incrementa psicologicamente a trama.
Mal posso esperar para comprar os próximos volumes do Astronauta! Até …
Nossa, que quadrinho maravilhoso! Danilo Beyruth consegue prender o leitor do começo ao fim, o que achei impressionante, visto que 80% do tempo o único personagem em cena é o próprio Astronauta. Nem todo mundo consegue organizar uma história sobre um indivíduo isolado sem se tornar entediante ou repetitiva. Mas isso não acontece aqui.
Quer dizer, a repetição acontece, mas de executada de maneira excelente.
A narrativa em primeira pessoa era, claro, necessária, visto que o Astronauta virou um "náufrago" no espaço. Os detalhes que Beyruth coloca da situação dele, juntamente com o longo período de tempo que a história cobre, deixa tudo bastante crível. O fato do Astronauta não resolver seu problema em poucas horas ou dias é algo que eu particularmente gosto muito, pois dá uma sensação de maior veracidade à história e incrementa psicologicamente a trama.
Mal posso esperar para comprar os próximos volumes do Astronauta! Até agora, foi me preferido dos quadrinhos do MSP que li.
ianatxt reviewed Graphic MSP - Capitão Feio. Identidade by Magno Costa
Review of 'Graphic MSP - Capitão Feio. Identidade' on 'Goodreads'
4 stars
Tem uma história mais intrigante que o esperado! Nesse volume, o Capitão Feio é uma pessoa perdida, cheia de raiva e frustração, e talvez até um pouco de medo, e ver o que acontece com ele a partir daí e o que ele faz de si diante das circunstâncias que lhes são apresentadas é bem interessante.
O fato do Capitão Feio ser um antagonista torna o quadrinho bem mais intrigante, e Magno Costa consegue criar um "vilão" pelo qual a gente sente empatia. Vejo bastante potencial no Capitão Feio para futuras histórias, e estou bem feliz em ver que Maurício de Souza está permitindo que novas gerações deem outra roupagem aos seus personagens, e lhes dando o devido crédito!
Senti muita empatia durante toda a história, e no fim fica aquela sensação de "eu devia estar torcendo por ele mesmo?", o que é uma boa sensação e a resposta é: …
Tem uma história mais intrigante que o esperado! Nesse volume, o Capitão Feio é uma pessoa perdida, cheia de raiva e frustração, e talvez até um pouco de medo, e ver o que acontece com ele a partir daí e o que ele faz de si diante das circunstâncias que lhes são apresentadas é bem interessante.
O fato do Capitão Feio ser um antagonista torna o quadrinho bem mais intrigante, e Magno Costa consegue criar um "vilão" pelo qual a gente sente empatia. Vejo bastante potencial no Capitão Feio para futuras histórias, e estou bem feliz em ver que Maurício de Souza está permitindo que novas gerações deem outra roupagem aos seus personagens, e lhes dando o devido crédito!
Senti muita empatia durante toda a história, e no fim fica aquela sensação de "eu devia estar torcendo por ele mesmo?", o que é uma boa sensação e a resposta é: "sim, eu devia".