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Brasileiro. Farmacêutico apaixonado por História, Fantasia e Ecoficção. Autor de O Sangue da Deusa, escrevo sobre a natureza em poemas e contos.

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Gertrude Barrows Bennett, Sara Escorsin, L. F. Lunardello, Larissa Prado, Clara Dantas, Bruna Corrêa, Yasmin Scarpin, Natalia Clima, Juliana Blasina, Nathalia Sorgon Scotuzzi: As muitas cores que caíram do espaço (EBook, pt-BR language, Mão Esquerda)

  • resgate histórico de GERTRUDE BARROWS BENNET
  • ensaio acadêmico sobre a autora e sua …

Quando eu percebi, já era tarde demais

As Muitas Cores que Caíram do Espaço: ressignificando Lovecraft é uma coletânea de contos e ilustrações de terror cósmico focada na produção feminina, tendo apenas um conto escrito por um homem. Além disso, a coletânea ressuscita a escritora gótica e de horror Gertrude Barrows Bennet, que usou o pseudônimo masculino de Francis Stevens em suas publicações.

Todos os contos incluem o elemento cor em seu terror, seja o roxo que caça, o amarelo que nauseia, o verde que tudo preenche e até mesmo o branco que atordoa. Os personagens viram vítimas de energias e sensações cósmicas, sucumbem ao bizarro, sofrendo não só consequências mentais no processo, mas também físicas.

Os contos falam de vingança, isolamento, atração e, claro, do desconhecido. Uns são mais claros e objetivos, como Temporadas no Abismo, de Lunardello, que se passa no interior paraibano e é pintado de amarelo repulsivo e vingativo. Outros são …

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Ray Bradbury: As Cronicas Marcianas (Paperback, 2014, Biblioteca Azul)

This is a collection of science fiction short stories, cleverly cobbled together to form a …

Clássico atual

( sol2070.in/2025/09/cronicas-marcianas-ray-bradbury/ )

Como Fahrenheit 451, outra clássica ficção do mestre Ray Bradbury que consegue permanecer atual é As Crônicas Marcianas (The Martian Chronicles, 1950, 296 pgs).

Mesmo desenvolvendo a ideia, hoje bizantina, de colonizar Marte, o escritor estava muito adiante da ingênua e destrutiva imaginação tecno-política dos anos 50 (que continua até hoje). Ainda é daquelas ficções científicas contra a corrente, que se contrapõem ao tecno-deslumbramento ou tecno-otimismo, como hoje é referida a mentalidade de seita de tech-bros e bilionários, fanáticos pela alta tecnologia como salvação, cegos para o próprio rastro massivo de destruição.

A empreitada é retratada quase como tragédia, uma repetição da autodestruição humana na Terra. Esse é o cenário para imortais dramas humanos: morte, amor, solidão, loucura, migração, nostalgia… Algumas das estórias também refletem questões sociopolíticas críticas como destruição ambiental, racismo e guerra, sem soarem panfletárias.

Quase não é …

Fernanda Castro: Lágrimas de carne (EBook, pt-BR language, Dame Blanchet)

VENCEDOR DO PRÊMIO ODISSEIA DE LITERATURA FANTÁSTICA 2021 - CATEGORIA "NARRATIVA CURTA DE FANTASIA" As …

Uma surpresa sombria e triste

Não esperava que Lágrimas de Carne fosse tão sombrio, mesmo com palavras tão bonitas. Comecei o conto despretensiosamente, perdoem-me, encantado pela capa. Eu nem sabia onde se situava, supunha que em algum mundo fictício inspirado no barroco de Minas Gerais. A localização também foi uma grata surpresa: na caatinga.

A história é de duas criaturas meio-humanas, meio-pássaros, que no primeiro momento a gente não sabe por que são assim, mas que depois vai ter a sua explicação. A principal é uma garota com asas de rasga-mortalha que acompanha os funerais para aprender sobre os seres humanos. A segunda é um garoto com asas de carcará, mantido preso em casa.

A relação com a morte ultrapassa o simbolismo. A mãe dos dois é uma carpideira, responsável por chorar durante os funerais. Num conto fantástico, é lógico que ela também tem atributos fantásticos. É ela a responsável por purgar as …

Juliet Sharman-Burke, Liz Greene: O tarô mitológico (Pt-BR language, Madras)

Muitos consultam as cartas de Tarô com a intenção de saber sobre o futuro ou …

A ferida de Quíron faz com que ele seja o Curador Ferido, aquele que, por meio de sua própria dor, pode compreender e apreciar a dor alheia e, portanto, pode enxergar muito além do que aqueles que estão cegamente satisfeitos. E então Quíron, o Hierofante, representa a nossa parte ferida em que algum problema insolúvel ou uma limitação qualquer nos aprofunda e nos torna misericordiosos quando, ao contrário, seríamos meras superficialidades de bondade sem qualquer sentido real do que possa significar. O verdadeiro sacerdote está aberto à dor e aos desejos do mundo, porque, ele mesmo, sofre.

A imagem de Quíron nos liga ao valor das limitações insuperáveis ou das feridas dentro de nós que, apesar de causarem sofrimento na vida cotidiana, assim mesmo nos obrigam a questionar e a abrir o caminho para uma maior compreensão das leis superiores da vida. Esse paradoxo também é sugerido pelo próprio Centauro, pois, sendo metade deus e metade cavalo, ele se utiliza tanto do instinto quanto do espírito, além de conter uma dualidade que faz parte de nossa condição humana. O homem não é totalmente animal nem totalmente divino, mas uma mistura de ambos, e deve aprender a conviver com os dois. Dessa mescla, surge a sabedoria do Centauro, que participa tanto do conhecimento de Deus quanto do conhecimento da lei natural - Deus manifestando-se no mundo das formas.

O tarô mitológico by , (Page 13 - 14)

Quando eu li Greek fire, poison arrows and scorpions bombs da Adrienne Mayor, me deparei com a história desafortunada de Quiron, interpretando as flechas da Hidra como um tipo de arma biológica.

Dois anos depois, me deparo com ele de novo, dessa vez lendo sobre tarô.

M. P. Neves, Helena Zamparette, Igor Cabrardo, Juna Pedroso, Pedro Azevedo, V. W. S., Andrio J. R. dos Santos, Lucas M. T., Jéssica Lang, M. Matiazi, J. P. Neu, Julio Rodrigues: Vamqueer (Paperback, pt-BR language, Diário Macabro) No rating

Vampiros sempre estiveram relacionados à transgressão. Em particular, à sexualidade. Quando expressam um desejo queer, …

Content warning Violência/homofobia

Gertrude Barrows Bennett, Sara Escorsin, L. F. Lunardello, Larissa Prado, Clara Dantas, Bruna Corrêa, Yasmin Scarpin, Natalia Clima, Juliana Blasina, Nathalia Sorgon Scotuzzi: As muitas cores que caíram do espaço (EBook, pt-BR language, Mão Esquerda)

  • resgate histórico de GERTRUDE BARROWS BENNET
  • ensaio acadêmico sobre a autora e sua …

O que faria agora? Depois de tudo isso, ia acabar realmente assim? Teria que rastejar pelos túneis, se humilhar novamente pelos corredores? A morte era aqui. A tênue esperança de ver seus filhos novamente, de ver sua casa, sua cama, uma ducha quente… tudo que podia estar além daquele horror pálido, morrerá. Seu mundo parecia ínfimo. Insignificante. Que esperança restava? Se tornara prisioneira da ilógica casa. Tudo pela merda de quatrocentos reais!

As muitas cores que caíram do espaço by , , , and 7 others (Resgate histórico de autoras, #04) (Page 123)

Riso Branco, de Natalia Clima

reviewed A cidade perdida. by Jerônimo Monteiro (Biblioteca Literatura moderna, 58)

Jerônimo Monteiro: A cidade perdida. (Portuguese language, 1969, Instituição Brasileira de Difusão Cultural)

Jeronymo Monteiro (Ronnie Wells) é, simplesmente, considerado o pai da ficção científica brasileira. Sua importância …

Os que os atlantes nos ensinariam?

"Salvio arregalou os olhos. — Céu! O símbolo, Jeremias! O símbolo! — Sim! — consegui exclamar, fascinado também. — A “pedra”… O grande círculo sobre o triângulo… o lótus de mil pétalas… as runas… o sol e a lua!… E ali ficamos os três, embasbacados, olhando o miraculoso símbolo que nos trouxera desde São Paulo, agora ali perfeitamente reproduzido em gravação na rocha, ao lado da monumental entrada. Era estonteante e dava vertigens. Quantos milhares de quilômetros — de intransponíveis quilômetros! — separavam aqueles dois símbolos! Um, em São Paulo, dentro da velha arca vinda das Guianas ou da Venezuela, e o outro aqui, no centro do sertão, quase na fronteira entre o Pará e o Amazonas, junto a uma porta que dava para o mistério! Tão separados, e, no entanto, tão unidos! O atlante olhava para nós, sorridente. — Conhecem? — perguntou ele. — Conhecemos — respondeu Salvio. — …

M. P. Neves, Helena Zamparette, Igor Cabrardo, Juna Pedroso, Pedro Azevedo, V. W. S., Andrio J. R. dos Santos, Lucas M. T., Jéssica Lang, M. Matiazi, J. P. Neu, Julio Rodrigues: Vamqueer (Paperback, pt-BR language, Diário Macabro) No rating

Vampiros sempre estiveram relacionados à transgressão. Em particular, à sexualidade. Quando expressam um desejo queer, …

Cresci, me tornei homem feito, mas aquele vazio, aquele desejo inquietante de conhecê-lo nunca abandonou meu peito. Era como se Damião guardasse uma verdade sobre mim, algo que nem eu mesmo consigo entender. É por isso que penso que talvez ele nunca tenha sido o monstro dessa história. Damião era um espelho trincado, cujo reflexo mostrava a nós todos deformados. O verdadeiro monstro, meu filho, não tá lá fora. Ele mora dentro da gente. É aquilo que tememos encarar, mas que nunca deixa de espreitar.

Vamqueer by , , , and 9 others (Page 57)

Do conto Primo Damião, de Juna Pedroso.

William Hope Hodgson: O porco (Paperback, pt-BR language, Diário Macabro)

Traduzido por Michele Zanetti Durante uma conversa com um amigo médico, o detetive do oculto …

Terror cósmico talvez melhor que Lovecraft?

Primeiro conto que eu li de Hodgson. trazido pela editora Diário Macabro. De cara, a ciência misturada com rituais me encheu os olhos. Diferentemente de Lovecraft que demora demais escrevendo um parágrafo, cheio de adjetivos que parecem estar ali só para aumentar o ego do protagonista sabidão, os parágrafos de Hodgson são mais curtos, mais fáceis de imaginar, fazendo uso de coisas palpáveis como cores, luzes e símbolos, sem ter também o exagero de referências.

Carnacki, o protagonista do conto, mistura conhecimentos ocultos com instrumentos tecnológicos, como lâmpadas e fios elétricos de diversas cores, cada cor com uma especificidade mística. Achei isso tão bonito visualmente, numa HQ ficaria lindo, cada cor também nos fazendo entender aquele universo misterioso. Como costume do terror cósmico, as maiores ameaças são aquelas forças antigas, gigantescas, cósmicas, que sabe-se muito pouco e o que sabe-se é que são terríveis e não devem ser molestadas.