Paulo Moreira 🇧🇷 reviewed As muitas cores que caíram do espaço by Gertrude Barrows Bennett (Resgate histórico de autoras, #04)
Quando eu percebi, já era tarde demais
5 stars
As Muitas Cores que Caíram do Espaço: ressignificando Lovecraft é uma coletânea de contos e ilustrações de terror cósmico focada na produção feminina, tendo apenas um conto escrito por um homem. Além disso, a coletânea ressuscita a escritora gótica e de horror Gertrude Barrows Bennet, que usou o pseudônimo masculino de Francis Stevens em suas publicações.
Todos os contos incluem o elemento cor em seu terror, seja o roxo que caça, o amarelo que nauseia, o verde que tudo preenche e até mesmo o branco que atordoa. Os personagens viram vítimas de energias e sensações cósmicas, sucumbem ao bizarro, sofrendo não só consequências mentais no processo, mas também físicas.
Os contos falam de vingança, isolamento, atração e, claro, do desconhecido. Uns são mais claros e objetivos, como Temporadas no Abismo, de Lunardello, que se passa no interior paraibano e é pintado de amarelo repulsivo e vingativo. Outros são …
As Muitas Cores que Caíram do Espaço: ressignificando Lovecraft é uma coletânea de contos e ilustrações de terror cósmico focada na produção feminina, tendo apenas um conto escrito por um homem. Além disso, a coletânea ressuscita a escritora gótica e de horror Gertrude Barrows Bennet, que usou o pseudônimo masculino de Francis Stevens em suas publicações.
Todos os contos incluem o elemento cor em seu terror, seja o roxo que caça, o amarelo que nauseia, o verde que tudo preenche e até mesmo o branco que atordoa. Os personagens viram vítimas de energias e sensações cósmicas, sucumbem ao bizarro, sofrendo não só consequências mentais no processo, mas também físicas.
Os contos falam de vingança, isolamento, atração e, claro, do desconhecido. Uns são mais claros e objetivos, como Temporadas no Abismo, de Lunardello, que se passa no interior paraibano e é pintado de amarelo repulsivo e vingativo. Outros são mais misteriosos, enevoados, como Fé Cega, de Bruna Corrêa, cujas palavras nos deixam encantados com a luz verde da aurora boreal e depois apavorados com suas consequências. Sara Scorsin, em Tchutchuquito, é mais irônica, se aproveitando de tropos lovecraftianos para causa humor.
A seguir listo os 3 contos que mais mexeram com meu psicológico, criando imagens perturbadoras: Branco, de Natália Lima; A Vaga Volumosa, de Larissa Prado; e Fé Cega, da já citada Bruna Corrêa. Não coloco Barrows aqui porque, embora ela tenha sua importância histórica e eu reconheça os pontos que a distanciam de Lovecraft como o racismo como opção (muito bem apontado pela pesquisa, preciso destacar), Invisível-Inofensivo não foi um conto que me desencadeou tantas emoções.
O projeto artístico, com ilustrações, fundo e até a diagramação intensificam o fator terror cósmico. As artistas produzem imagens perturbadoras, como Miss Walker para o conto Fé Cega (lá vou eu falando desse de novo...), as colagens de Juliana Blasina com mulheres com polvo e vários olhos no lugar das cabeças, o macabro erótico de Luma Brant, tendo a ilustração para Riso Branco me ganhando de cara, uma mistura de misticismo, natureza selvagem e sedução. A arte do texto também tem sua importância, intensificando palavras e frases com as cores temáticas de cada conto.











