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Paulo Moreira 🇧🇷 Locked account

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Joined 9 months, 1 week ago

Brasileiro. Farmacêutico apaixonado por História, Fantasia e Ecoficção. Autor de O Sangue da Deusa, escrevo sobre a natureza em poemas e contos.

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M. P. Neves, Helena Zamparette, Igor Cabrardo, Juna Pedroso, Pedro Azevedo, V. W. S., Andrio J. R. dos Santos, Lucas M. T., Jéssica Lang, M. Matiazi, J. P. Neu, Julio Rodrigues: Vamqueer (Paperback, pt-BR language, Diário Macabro)

Vampiros sempre estiveram relacionados à transgressão. Em particular, à sexualidade. Quando expressam um desejo queer, …

Procurando ouro, achei diamante

Vamqueer foi uma daquelas obras que me surpreenderam mesmo eu sabendo que ficaria surpreso. Os contos utilizam da figura sensual e perigosa do vampiro para dramas LGBT+, que se encaixa muito bem diga-se de passagem. A linha tênue entre o erótico e o terrível, entre entregar-se aos desejos e ser punido por isso, entre morte e prazer está ali presente em cada história.

A escolha dos contos foi a dedo. Temos histórias mais de suspense, como Destinatário: a quem desejar, de Helena Zamparette, usando o cenário frio do sul do Brasil; histórias críticas como Porcelana de Julio Rodrigues, trazendo a violência trans ao mundo vampírico,;histórias profundas (senão mágicas) como Primo Damião de Juna Pedroso, sobre a exclusão dos LGBT+ em comunidades rurais, aqui no nordeste brasileiro; histórias de palavras que oscilam entre a beleza e o horror como Aparição de Andrio Santos, esta no pantanal; e histórias com palavras …

Gertrude Barrows Bennett, Sara Escorsin, L. F. Lunardello, Larissa Prado, Clara Dantas, Bruna Corrêa, Yasmin Scarpin, Natalia Clima, Juliana Blasina, Nathalia Sorgon Scotuzzi: As muitas cores que caíram do espaço (EBook, pt-BR language, Mão Esquerda)

  • resgate histórico de GERTRUDE BARROWS BENNET
  • ensaio acadêmico sobre a autora e sua …

Quando eu percebi, já era tarde demais

As Muitas Cores que Caíram do Espaço: ressignificando Lovecraft é uma coletânea de contos e ilustrações de terror cósmico focada na produção feminina, tendo apenas um conto escrito por um homem. Além disso, a coletânea ressuscita a escritora gótica e de horror Gertrude Barrows Bennet, que usou o pseudônimo masculino de Francis Stevens em suas publicações.

Todos os contos incluem o elemento cor em seu terror, seja o roxo que caça, o amarelo que nauseia, o verde que tudo preenche e até mesmo o branco que atordoa. Os personagens viram vítimas de energias e sensações cósmicas, sucumbem ao bizarro, sofrendo não só consequências mentais no processo, mas também físicas.

Os contos falam de vingança, isolamento, atração e, claro, do desconhecido. Uns são mais claros e objetivos, como Temporadas no Abismo, de Lunardello, que se passa no interior paraibano e é pintado de amarelo repulsivo e vingativo. Outros são …

Fernanda Castro: Lágrimas de carne (EBook, pt-BR language, Dame Blanchet)

VENCEDOR DO PRÊMIO ODISSEIA DE LITERATURA FANTÁSTICA 2021 - CATEGORIA "NARRATIVA CURTA DE FANTASIA" As …

Uma surpresa sombria e triste

Não esperava que Lágrimas de Carne fosse tão sombrio, mesmo com palavras tão bonitas. Comecei o conto despretensiosamente, perdoem-me, encantado pela capa. Eu nem sabia onde se situava, supunha que em algum mundo fictício inspirado no barroco de Minas Gerais. A localização também foi uma grata surpresa: na caatinga.

A história é de duas criaturas meio-humanas, meio-pássaros, que no primeiro momento a gente não sabe por que são assim, mas que depois vai ter a sua explicação. A principal é uma garota com asas de rasga-mortalha que acompanha os funerais para aprender sobre os seres humanos. A segunda é um garoto com asas de carcará, mantido preso em casa.

A relação com a morte ultrapassa o simbolismo. A mãe dos dois é uma carpideira, responsável por chorar durante os funerais. Num conto fantástico, é lógico que ela também tem atributos fantásticos. É ela a responsável por purgar as …

reviewed A cidade perdida. by Jerônimo Monteiro (Biblioteca Literatura moderna, 58)

Jerônimo Monteiro: A cidade perdida. (Portuguese language, 1969, Instituição Brasileira de Difusão Cultural)

Jeronymo Monteiro (Ronnie Wells) é, simplesmente, considerado o pai da ficção científica brasileira. Sua importância …

Os que os atlantes nos ensinariam?

"Salvio arregalou os olhos. — Céu! O símbolo, Jeremias! O símbolo! — Sim! — consegui exclamar, fascinado também. — A “pedra”… O grande círculo sobre o triângulo… o lótus de mil pétalas… as runas… o sol e a lua!… E ali ficamos os três, embasbacados, olhando o miraculoso símbolo que nos trouxera desde São Paulo, agora ali perfeitamente reproduzido em gravação na rocha, ao lado da monumental entrada. Era estonteante e dava vertigens. Quantos milhares de quilômetros — de intransponíveis quilômetros! — separavam aqueles dois símbolos! Um, em São Paulo, dentro da velha arca vinda das Guianas ou da Venezuela, e o outro aqui, no centro do sertão, quase na fronteira entre o Pará e o Amazonas, junto a uma porta que dava para o mistério! Tão separados, e, no entanto, tão unidos! O atlante olhava para nós, sorridente. — Conhecem? — perguntou ele. — Conhecemos — respondeu Salvio. — …

William Hope Hodgson: O porco (Paperback, pt-BR language, Diário Macabro)

Traduzido por Michele Zanetti Durante uma conversa com um amigo médico, o detetive do oculto …

Terror cósmico talvez melhor que Lovecraft?

Primeiro conto que eu li de Hodgson. trazido pela editora Diário Macabro. De cara, a ciência misturada com rituais me encheu os olhos. Diferentemente de Lovecraft que demora demais escrevendo um parágrafo, cheio de adjetivos que parecem estar ali só para aumentar o ego do protagonista sabidão, os parágrafos de Hodgson são mais curtos, mais fáceis de imaginar, fazendo uso de coisas palpáveis como cores, luzes e símbolos, sem ter também o exagero de referências.

Carnacki, o protagonista do conto, mistura conhecimentos ocultos com instrumentos tecnológicos, como lâmpadas e fios elétricos de diversas cores, cada cor com uma especificidade mística. Achei isso tão bonito visualmente, numa HQ ficaria lindo, cada cor também nos fazendo entender aquele universo misterioso. Como costume do terror cósmico, as maiores ameaças são aquelas forças antigas, gigantescas, cósmicas, que sabe-se muito pouco e o que sabe-se é que são terríveis e não devem ser molestadas.