Não é Inuyasha, mas muita coisa me lembrou o anime
3 stars
Adquiri Havia uma floresta no terreno baldio já em pré-venda por conhecer os contos do Rodrigo Ortiz e gostar muito do seu estilo leve de escrita. No "terreno baldio" (vou chamar o livro assim, porque, ô título longo), novamente suas palavras leves se sobressaem, o que não prejudica em nada a imersão, pelo contrário, facilita e muito a imaginação.
Terreno Baldio é um livro infanto-juvenil que se passa no Japão. Kei Yamada é uma criança em crescimento que não aceita muito bem as mudanças da cidade ao redor, em especial o avanço dos prédios sobre a natureza. Graças a Deus - ou as raposas, rsrsrs -, ele ainda tem seu terreno baldio, um pequeno espaço de natureza, o seu refúgio mágico imutável, onde pode ter seus momentos de paz, onde não precisa enfrentar os dilemas de crescer.
Claro que logo o terreno será ameaçado. A ameaça: uma nukekubi, criatura do …
Adquiri Havia uma floresta no terreno baldio já em pré-venda por conhecer os contos do Rodrigo Ortiz e gostar muito do seu estilo leve de escrita. No "terreno baldio" (vou chamar o livro assim, porque, ô título longo), novamente suas palavras leves se sobressaem, o que não prejudica em nada a imersão, pelo contrário, facilita e muito a imaginação.
Terreno Baldio é um livro infanto-juvenil que se passa no Japão. Kei Yamada é uma criança em crescimento que não aceita muito bem as mudanças da cidade ao redor, em especial o avanço dos prédios sobre a natureza. Graças a Deus - ou as raposas, rsrsrs -, ele ainda tem seu terreno baldio, um pequeno espaço de natureza, o seu refúgio mágico imutável, onde pode ter seus momentos de paz, onde não precisa enfrentar os dilemas de crescer.
Claro que logo o terreno será ameaçado. A ameaça: uma nukekubi, criatura do folclore japonês, uma mulher feiticeira com pescoço longo (ou cuja cabeça flutua), que por algum motivo quer destruir o local, contando com a ajuda de incontáveis homens sem rosto. É aí que a parte mágica do livro começa. Somos apresentados aos defensores do terreno baldio: as raposas e guaxinins, a quem Kei recorrerá para defender seu pequeno pedaço de terra.
Só pelo título dá pra sacar que o terreno baldio não é só um terreno baldio, mas uma floresta. É lá que fica o portal para o mundo das criaturas do folclore japonês, separado do nosso mundo, e, estranhamente, inacessível pela nukekubi. No decorrer da leitura, fica claro como a nukekubi representa o avanço desenfreado, egoísta, das cidades, tentando destruir o que é sagrado, ou ao menos, romper a relação dos humanos com o sagrado, comprovado por uma magia bastante aterradora, embora sutil. Por causa dela, os adultos não nutrem nenhum interesse em preservar a terra, ignoram as mudanças, parecem nem perceber até mesmo a canalização do rio que modificou - e muito - as suas vidas.
No entanto, não é só a nukekubi a única ameaça ao terreno baldio. Kei logo descobre que as raposas e guaxinins místicos estão desistindo de protegê-lo, querem se isolar em sua floresta, selando o portal para impedir o contato dos humanos com o mundo mágico. O garoto então esqueceria, viveria uma vida normal como todos os outros, perderia para sempre a sua amiga raposa Keiko.
Até agora não falei de Keiko, cujo nome, por um motivo, é bem parecido com o de Kei. Keiko é uma garota raposa - é ela quem me lembra Inuyasha-, que junto de Kei tentará impedir o avanço dos homens sem rosto. Os dois unem esforços para conseguir apoio tanto do mundo místico quando do mundo humano.
Ao longo da aventura, vamos descobrindo mais do passado da nukekubi e passamos a entender que ela, esse monstro orgulhoso e impiedoso, foi um monstro criado. Ela não deve ser vencida. Ela deve ser curada. Essa é a sacada que mais gostei em Terreno Baldio.
Ainda assim, há alguns pontos que não me convenceram no livro. As soluções são apresentadas de modo rápido e quase não há uma desafio nítido, ou consequências fortes para as escolhas dos personagens, acredito que devido a ser um livro infanto-juvenil. Claro que estender discussões é arriscado, podendo afastar leitores, e isso pode justificar também o fato de os capítulos serem bem curtos. Os personagens, além do mais, são crianças, né, não vou forçar a barra.
Nada disso tira seu mérito. Havia uma Floresta no Terreno Baldio é uma ótima história para quem quer estimular a consciência ambiental em crianças e, se discussões não foram aprofundadas ali, elas podem ser aprofundadas no mundo real com os pequenos. E se você é adulto, quer uma leitura leve pra ler na rede à tardinha, que tal embarcar na pequena aventura ecológica de Kei Yamada?