Ana-b92 reviewed Bleak House (Bantam Classics) by Charles Dickens
Névoa, justiça e destino – Minha travessia por Casa Soturna de Charles Dickens
5 stars
Ler Casa Soturna foi como entrar em uma Londres envolta em neblina – uma neblina não só física, mas moral e social. Desde as primeiras páginas, senti o peso do labirinto judicial que Charles Dickens constrói em torno do processo interminável de Jarndyce contra Jarndyce. A leitura me fez perceber que o verdadeiro protagonista do romance talvez não seja um personagem, mas o próprio sistema legal, símbolo de uma burocracia que consome vidas e esperanças.
Entre os muitos rostos que cruzam essa história, foi Esther Summerson quem mais me tocou. Sua voz calma, humilde e atenta aos outros parece oferecer um refúgio de humanidade em meio ao caos. Ao acompanhar sua jornada, senti ternura e admiração: Esther é, de certo modo, a luz que tenta atravessar a escuridão densa de uma sociedade corrompida.
Dickens tece uma rede de histórias paralelas, e eu me via perdido e fascinado por …
Ler Casa Soturna foi como entrar em uma Londres envolta em neblina – uma neblina não só física, mas moral e social. Desde as primeiras páginas, senti o peso do labirinto judicial que Charles Dickens constrói em torno do processo interminável de Jarndyce contra Jarndyce. A leitura me fez perceber que o verdadeiro protagonista do romance talvez não seja um personagem, mas o próprio sistema legal, símbolo de uma burocracia que consome vidas e esperanças.
Entre os muitos rostos que cruzam essa história, foi Esther Summerson quem mais me tocou. Sua voz calma, humilde e atenta aos outros parece oferecer um refúgio de humanidade em meio ao caos. Ao acompanhar sua jornada, senti ternura e admiração: Esther é, de certo modo, a luz que tenta atravessar a escuridão densa de uma sociedade corrompida.
Dickens tece uma rede de histórias paralelas, e eu me via perdido e fascinado por essa multiplicidade. Cada figura – do excêntrico senhor Jarndyce ao trágico Krook – trazia um fragmento de crítica, um retrato das injustiças e desigualdades da época. Às vezes, precisei respirar fundo diante da melancolia que permeia a narrativa, mas a ironia e o calor humano de Dickens sempre me puxavam de volta.
Ao fechar o livro, fiquei com a sensação de ter caminhado por um imenso espelho da vida – caótico, injusto, mas também repleto de compaixão. Casa Soturna me lembrou que, mesmo em meio à corrupção e à desesperança, ainda há espaço para a bondade silenciosa e para a coragem moral de quem insiste em fazer o bem.